IMPROVISO NO CULTO

"Som, som" - alguém sussura ao testar os microfones numa igreja lotada e ansiosa pelo início do culto, que já deveria ter começado. Mais tarde na adoração, líder pergunta à igreja: “teremos mensagem musical?”, ou algo como: “Quem vai contar a historinha das crianças?”
Enquanto isso, conversas vão e vêm nos bancos.
Situações como essas deveriam ser exceções, mas infelizmente, deixaram de ser raras. Tornaram-se comportamentos aceitáveis em nosso meio. O fato é que muitos de nós estamos incorporando uma cultura de improviso na adoração, que não combina com nossa identidade e muito menos com Deus.

Confesso que essa improvisação vem me preocupando há algum tempo, não somente como pastor e editor, mas como um cristão que precisa de Deus e O busca em sua casa. O improviso não só prejudica a ordem do culto ou a forma das coisas, mas também pode resultar da falta de dedicação, de amor, ou mesmo de respeito às coisas de Deus. Quando amamos uma pessoa, fazemos o melhor por ela. Com Deus não é diferente. Se O amamos, entregamos-lhe tudo que temos, como o “preciosíssimo perfume de nardo puro” que uma mulher derramou sobre os pés de Cristo ou a oferta total da viúva pobre (Mc 12:42, 14:3). O próprio Mestre disse: “Minha comida consiste em fazer a vontade d Aquele que Me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4:34). Quando a obra de Deus está em nosso coração, fazemos o nosso melhor, ansiosos por manifestar honra e gratidão a Ele, que também deu tudo de Si por nós.

Antes de entrar na casa de culto, precisamos considerar quem é Deus. Ele é Pai (Is 63:16) e cabe dentro do nosso coração (Is 57:15), mas precisamos temê-Lo, pois Ele também é nosso Senhor (Sl 39:4). Temer a Deus é respeitá-Lo e reverencia-Lo. No passado, muitos O temiam por medo das chamas vingadoras do Juízo. Hoje, o cristianismo vive o oposto: a superênfase na proximidade com o divino criou um Deus surfista, uma divindade antrópica, cópia do nosso RG. Quando reverenciamos um ser igual ou inferior, nossa adoração e moralidade fatalmente decaem. Você tem visto isso por aí?
O verdadeiro temor brota de uma coração perdoado e consagrado a Deus. É um sentimento de respeito filial, cheio de esperança e amor. No Antigo Testamento, a palavra “temor” resumia a verdadeira piedade religiosa (Pv 1:7; Jó 28:28; Sl 19:9). No Novo Testamento, um dos sentidos de temor é a atitude que nos motiva a prosseguir na santificação (2Co 7:1; Hb 12:28, 29). O temor do Senhor é “fonte de vida” (Pv 14:27). A igreja primitiva caminhava no “temor do Senhor” (At 9:31). Somente aqueles que temem a Deus O conhecem de fato (Pv 9:10; 2Co 5:11).

Como povo, fomos chamados a dizer ao mundo que o Criador deve ser temido e adorado (Ap 14:6), e nossa pregação deve ser coerente com o que fazemos nos cultos. Não precisamos retroceder a uma adoração rígida e monótona. Sempre deve haver lugar para espontaneidade e expressão sincera (Jô 4:23), mas isso não significa que o culto deva ser conduzido de qualquer jeito e sem respeito. Áquele que merece honra suprema (Ap 7:12). Não podemos apresentar “fogo estranho” (Lv 10:1).

Nossos cultos devem ser planejados e prestados a Deus com “decência e ordem” (Ico 14:40), e isso requer dedicação, pontualidade e testes técnicos antes que tudo comece. Devemos reaprender a arte do silêncio, requisito básico na adoração (Hc 2:20). Todos os participantes do culto devem saber quando e o que devem fazer. Por trás de todos deve haver uma mente coodenadora e pronta para suprir o que faltar, seja pessoalmente ou por delegação.
Acima de tudo, devemos criar na adoração o “clima” para uma experiência viva com Deus. “A cada reunião religiosa devemos levar a viva consciência espiritual de que Deus e os anjos ali estão presentes. [...] Orai em favor da pessoa que dirigirá a reunião. Orai para que grande bênção advenha à congregação, por meio daquele que deve ministrar a palavra da vida. Esforçai-vos fervorosamente para alcançar vós mesmos uma bênção” (Ellen G. White, Testemunhos seletos, v. 3, p. 28, 29). Em outras palavras, em cada culto, lute por sua bênção, assim como Jacó lutou pela sua (Gn. 32:26). Renove o significado da adoração em sua vida e em sua igreja, especialmente se você for um dos organizadores. E lembre-se de que Deus merece nosso melhor.
RA setembro/2010

VEJA BREVE VÍDEOS BATISMO PRIMAVERA 2010

Segue vídeo do batismo da primavera

BATISMO DA PRIMAVERA 2010

No último domingo, 19 de setembro, tivemos em nossa igreja o tradicional batismo da primavera. Foi uma festa linda, com muitos visitantes e amigos. Parabéns a todos os batizantes pela decisão de estar ao lado de Jesus.

Batismo de nosso amigo Rafael Ferreira

Há alguns dias aconteceu o batismo do Rafael. É uma bênção tê-lo conosco como irmão e também aqui no blog. Parabéns por escolher estar ao lado de Jesus. Que Deus o abençoe ricamente.
Segue link das fotos deste evento.




O monstro Leviatã


Aconteceu em um determinado momento da minha vida. A luta veio tempestuosa e sem pedir licença, invadiu meus planos e os transformou em algo estranho e totalmente destoado das expectativas que reinavam meu ser. Senti que as minhas maiores aspirações, planos e projetos permaneciam no mundo dos sonhos sendo permeados por um sono profundo, o qual me separava da realidade desejada arrebatando meu coração a um lago de profundas tristezas e questionamentos sem respostas, onde habita uma das mais terríveis de todas as criaturas, a figura mais mística e aparentemente mitológica da qual ouvi dizer através de fonte segura. Trata-se de um monstro denominado Leviatã, o qual em meio à algumas lágrimas, o Senhor mostrou através da sua palavra.

Descobri que o monstro supracitado vive a espreita de nossa existência e por vezes percebemos sua presença e voracidade. Às vezes ele fica adormecido, então pensamos ter encontrado a felicidade plena e a paz suprema, passando a nos sentir como se vivêssemos em um pedacinho do céu. Mas o monstro desperta sempre que percebe ser necessário, sendo tal necessidade diferente do que possamos imaginar. Na verdade se ele tem fome, esta não se consegue explicar e sua força descomunal não se pode mensurar, uma vez que se alguém o ferir não lhe causará danos permanentes, pois para ele o ferro é palha e o cobre pau podre.

Os sentimentos mais nobres e seletos da humanidade não fazem parte da característica básica desta fera. Ele não suporta ouvir palavras brandas onde habita o amor, não suporta ouvir o barulho das crianças que não param de brincar, ou qualquer tipo de gratidão e ação de graças, bem como louvor e coração puro. A amizade o incomoda, a alegria o irrita, a sinceridade e a fidelidade são palavras dilaceradas por sua mais perpétua irracionalidade, uma vez que ele é o pai de todas as violências existentes, sendo o seu coração firme como uma pedra.

Não se pode travar sua língua com uma corda, traspassar-lhe o nariz com uma vara de junco, ou furar-lhe as bochechas com um gancho. Com ele não se pode pleitear, direcionar súplicas ou palavras brandas afinal, não há acordo de sua parte. Possível será que o homem venha ao solo apenas em vê-lo e se um toque for dirigido a ele, tal ser jamais se esquecerá da peleja e contra ele não mais intentará.

Há terror em redor dos seus dentes e as fileiras de suas escamas são seu orgulho. Incapaz se faz o homem em abrir sua forte mandíbula ou em penetrar sua couraça dobrada, a qual impossibilita que se desvende seu dorso coberto. Cada espirro que emite faz resplandecer luz, sendo seus olhos como a pestana da alva. Da boca lhe saem chamas e faíscas são lançadas involuntariamente, sendo que das suas narinas fumaça procede. Seu hálito incrível faz acender os carvões e na sua presença salta o desespero. Eis finalmente a descrição do impetuoso monstro Leviatã.

Ao tomar conhecimento desta criatura, os questionamentos povoaram minha mente. Como seria possível eu estar vivendo em meio às lágrimas, clamar socorro dos céus e a providência divina e em contraposição receber uma mensagem torturante como esta. Um monstro mais que desafiador da minha capacidade racional de entendê-lo, ou das minhas forças em detê-lo. Não consegui entender como seria possível pelejar contra tal “coisa” ou mais duvidoso ainda, vencê-lo.

Por um determinado período de tempo me resguardei de forçar o entendimento, porém não tive dúvidas de que o Senhor dos Exércitos estava a me dizer algo muito importante, então supliquei para que me desse discernimento e pudesse compreender com a clareza dos altos céus. Eu queria vencer tal criatura e me encontrei em um emaranhado neutralizante da mais nobre consciência. Mas Deus em sua infinita misericórdia e bondade não permitiu que eu ficasse sem respostas por muito tempo. Na mesma fonte de descrição desta fera, ele me respondeu que tudo o que há debaixo dos céus à ele pertence e que ele não se cala a respeito deste monstro, de seus fortes membros, da sua força real e nem da graça da sua compostura. Neste momento entendi que as minhas armas eram inúteis, a minha força vã e que a vitória somente vem do Senhor, Criador dos céus e da Terra. Compreendi que a criatura referida neste texto não era carnal e sim espiritual e como tal deveria ser interpretada e analisada, bem como as armas a serem direcionadas á ele em peleja deveriam ser igualmente espirituais.

Realizei á partir deste momento uma auto análise e me surpreendi ao descobrir que não estava utilizando as armas espirituais que o Senhor me disponibiliza todos os dias. Ficou claro que para obter vitória me faltava a espada cristã e a armadura de Deus. Era preciso entender que o Senhor pelejaria por mim, apesar das as armas estarem em minhas próprias mãos. O Senhor me fez entender, que orar é preciso e extremamente indispensável e que a carga que sentimos carregar somente será aliviada se dividirmos com Ele. Jesus está nos dizendo, por intermédio desta experiência pessoal, que não importa o nome do monstro que assombra nossas vidas, ou a grandeza do seu terror, nem mesmo sua fama avassaladora ou a dimensão da sua perseguição contra os filhos do Deus Altíssimo. Importa apenas que creiamos que Ele está no controle das nossas vidas, porque a luta não é contra a carne e sim contra o espírito e que somente à luz da sua palavra poderemos buscar o seu poder por intermédio da oração.


Lucinéia Costa

Inspirado no livro de Jó, Cap. 40 e 41

Informativo 193 de 18 de Setembro de 2010