Seriam paranóicos os cristãos ingleses que deram suas vidas por Cristo?

William Tyndale:“É impossível pregar a Cristo, a não ser que se pregue contra o Anticristo"


Alguns livros têm sido publicados na Inglaterra, tentando ridicularizar a Reforma Protestante. Um deles tem o título “Treason in Tudor England” (Traição na Inglaterra Tudor), conforme o site www.ianpaisley.org, do qual retiramos algumas informações, no link “Comments”.

Com a aproximação do 490º aniversário da Reforma Protestante, o Vaticano (que há muitos anos vinha trabalhando neste sentido) tem conseguido denegrir a memória dos reformadores, inclusive de Lutero, que tem sido apresentado ao mundo como um polígamo, bêbado, cínico e incrédulo zombador da Palavra de Deus. A Ordem Jesuíta foi criada para fazer a Contra-Reforma e não perdeu tempo. Durante mais de 400 anos ela tem trabalhado exclusivamente no sentido de combater e liquidar o Protestantismo, o que, infelizmente, quase já conseguiu, com o sucesso do Ecumenismo e com a apostasia dos grandes líderes “cristãos” do Ocidente, principalmente na Inglaterra e nos Estados Unidos.

Para “celebrar” o aniversário dos 400 anos da Reforma (1917) e liquidar de vez o Protestantismo, segundo o escritor americano Eric Jon Phelps, os jesuítas haviam preparado a I Guerra Mundial e, observando que esta iria fracassar em seu intento, o Vaticano preparou a suposta aparição da “Senhora de Fátima”, a fim de desviar os olhos do povo das comemorações do maior evento mundial (depois do nascimento de Cristo), em direção às suas armações demoníacas.

A obra supra citada é da autoria do Professor Lancey Baldwin Smith. As conspirações aparentemente dominantes e bizarros esquemas dos tempos Tudor são agora relatados para nos entreter, ridicularizando os santos mártires do Cristianismo britânico...

Baldwin descreve de modo zombeteiro a ferrenha oposição às práticas pagãs de Roma, a qual teve início logo após a importação de Bíblias na língua inglesa, com o conseqüente abandono da idolatria. Houve grande batalha para se pregar e ensinar as doutrinas bíblicas. Logo que o Cristianismo bíblico foi estabelecido, surgiu a necessidade de se deter o dilúvio de intrigas jesuítas da Contra-Reforma no Continente.

Esse livro pretende mostrar os cristãos da época Tudor sob uma luz desfavorável e, portanto, exige uma resposta. Smith pergunta: “Por que os traidores condescenderam numa variedade de sedições, tão inacreditavelmente invasoras e auto-derrotistas em caráter, que seria difícil acreditar que tivessem sido absolutamente sãs? E por que a sociedade vê performances, motivos e ações perigosos em toda a ordem estabelecida, tanto humana como divina?”

A resposta do Prof. Smith é que a Reforma dividiu a terra de tal maneira que teria provocado uma “neurose” sinistra, profundamente declarada e irracional...

“Mais desagradável do que tudo”, ele diz: “foi que a aparente camuflagem da unidade religiosa ‘em Cristo’, a qual trouxe calor e consolo a todos os crentes, foi feita em pedaços, rasgada em trapos pelo posicionamento de Lutero.”

As considerações do professor contra Lutero são de que “todos se tornaram apáticos e então houve a marcha de uma mudança varrendo o país, com atrocidades cometidas em batalhões, no passado”.

Para o Prof. Smith a gloriosa Reforma foi um vírus perigoso, que exigia “uma resposta paranóica à vida”. Ele diz que “o Protestantismo foi um credo particularmente exigente e imoderado, uma mensagem absolutista que trouxe um sucesso apenas parcial”.

Smith argumenta que o sucesso “parcial” dos luteranos despertou “uma nova urgência, pois os reformadores protestantes resolveram santificar o mundo e lutar (aqui ele cita o Arcebispo Crammer) contra aquele monstro triplicemente coroado, o grande Anticristo, o Papa de Roma.”

Ele acha que o Protestantismo era fundamentalmente pessimista: “A totalidade do povo protestante era mais inclinada a esperar o pior... havia no Protestantismo, durante o século, um sentimento de pânico e extrema urgência, pois duas forças cósmicas se mostravam virulentas e prontas para o combate (Aqui ele cita John Foxe), duas igrejas que eram: a militante igreja de Cristo e a igreja do Anticristo... Que a igreja do Anticristo poderia conter erros, mas a de Cristo, não”.

A partir desse ponto, Baldwin contende em que toda a vida nacional na Inglaterra protestante tornou-se “repleta de ansiedade pela agitação espiritual, com um senso de terror, achando que a Besta estava às portas”.

De um lado, havia os doutores romanistas insistindo em que “tudo que for contrário à fé católica (romana) é heresia”. Do outro, havia a insistência de William Tyndale de que “é impossível pregar a Cristo, a não ser que se pregue contra o Anticristo.”

Contudo, seriam paranóicos os protestantes ou estariam amedrontados por meras sombras construídas pela sua própria imaginação febril? Ou estariam eles simplesmente resistindo à crescente ameaça de uma igreja destinada a destruí-los? Seria desnecessária a sua cautela e de fato injustificada?

Smith usa como principal testemunha às suas afirmações nada menos que o arcebispo romanista (mais tarde eleito cardeal) William Allen, líder dos católicos romanos na Inglaterra. A descrição de Allen dessa lamentável “histeria protestante”, conforme ele a enxergava, está no seu livro “A True, Sincere and Modest Defense of English Catholics That Suffer Their Faith Both at Home and Abroad”. (Uma Verdadeira e Modesta Defesa dos Católicos Ingleses, Que Sofrem Pela Sua Fé, Tanto na Pátria Como no Exterior, 1584).

Mas que espécie de testemunho seria o de Allen? Ele fora banido para Roma uns 20 anos antes, com uma generosa pensão de Filipe II e do papa. Até mesmo os seus biógrafos reconhecem que ele escreveu bobagens: “Allen... e suas fraquezas ... e a mais séria de todas ... foi a incapacidade de reconhecer que, com o passar dos anos, o país e seu povo poderiam mudar tanto a ponto de se tornarem quase totalmente diferentes”. O fracasso mais grave de Allen foi “a completa ignorância dos movimentos e sentimentos do seu país.”

Quanto à observação de Allen: “nenhum navio pode aparecer em costa alguma [que não seja considerado] como invasão do reino”... Será que todos ignoravam que Filipe II estava construindo uma poderosa armada [para invadir a Inglaterra?]

Será que Allen não estaria agindo como propagandista a serviço de Filipe II, como se fora o seu Joseph Goebbels, em 1558, o ano da Armada, quando Allen contrabandeou para a Inglaterra sua obra impressa “An Amonition to the Nobility and People of England and Ireland Concerning the Present Warres Made for Execution os His Holiness Sentence (A Bula de Pio V, em 1570, excomungando Elizabeth I) By the Highe and Mightie King Catholike of Spain” (“Uma admoestação à Nobreza e ao Povo da Inglaterra e da Irlanda Referente aos Atuais Preparativos Feitos Para a Execução da Sentença de Sua Santidade Pelo Elevado e Majestoso Rei Católico da Espanha”) ? .

Allen prossegue na mesma veia de injusta propaganda: “Nós (ele se inclui entre os ingleses ameaçados, lá de sua sinecura em Roma), agora em razão de rigorosa e extrema justiça, somos tanto denunciados como castigados por tolerar essa maligna Jezabel, não agora... uma profetisa, mas a exata governante espiritual abaixo de Deus para ... enganar os servos de Deus”.

A infelicidade para os romanistas foi que eles nunca entenderam que o objetivo da Igreja Mãe era mandar uma Armada destruidora contra eles mesmos e o seu país. E que sob o governo dessa mulher tão digna (Elizabeth I) foi dado o castigo divino através da Armada Inglesa, a qual se tornou temida e glorificada... Que isso, possa servir de excelente admoestação para todos os ingleses que há muito vinham se dobrando diante das exigências de “Suas Santidades”, antes o andarilho mundial JP2 e agora o alemão Joseph Ratzinger.

Bem sucedidas ou não, as conspirações romanistas do século 16 foram muito graves. Abaixo de Deus, a cautela protestante foi um evento totalmente justificado contra a Armada de Filipe II... e a posição de Allen a favor do Romanismo foi neutralizada.

Agora os escritores ingleses, todos eles totalmente descrentes na Divindade do Senhor Jesus Cristo, num país pós-cristão e apóstata, voltam suas simpatias para Roma, parecendo dar-lhe toda razão por ter sacrificado os heróis cristãos da Reforma (sem falar nos outros do futuro, totalmente esquecidos). Eles agora os apresentam como paranóicos, mostrando os que lutam em prol do Evangelho de Cristo também com mania de perseguição contra os “inofensivos” líderes católicos, que mandam e desmandam dentro de uma nação, antes gloriosa e agora em completo declínio moral e espiritual. Infelizmente, isso acontece também na Alemanha e em todos os países da amaldiçoada União Européia (e mais ainda nos USA), nações que antes ostentaram a gloriosa bandeira da Reforma Protestante.

Isso nos leva a Gálatas 6:7: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará”.



Mary Schultze, 01/02/2007.

Informações colhidas no

“British News Paper’, 15/01/2007.

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